Por Dr. Klaus Moosmayer
No dia 23 de maio, o Presidente da Assembléia Geral das Nações Unidas realizou um debate de alto nível na Assembléia Geral para marcar o décimo quinto aniversário da adoção pela Assembléia da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção.
Tive a honra de ser convidado como representante do setor privado para falar durante o segundo painel sobre “Alcançar sociedades pacíficas e inclusivas através da prevenção e do combate à corrupção”.
No meu discurso, sublinhei a importância das Nações Unidas e da Convenção como plataforma ideal e estrutura para o diálogo entre governos, instituições internacionais, sociedade civil e setor privado. Vale ressaltar que a Convenção, apesar de ter 15 anos, é um instrumento global mais notável e inovador. Já em 2003, a Convenção tinha um forte foco na colaboração internacional, transparência nos contratos públicos – e no art. 12 aborda explicitamente a importância do alinhamento com o setor privado.
Estes são tópicos relevantes que ainda estamos a debater hoje, por exemplo também durante o processo dos G20 e B20, onde tive a honra de presidir os esforços de combate à corrupção do sector privado durante a Presidência Alemã no ano passado e onde vou servir este ano como Vice Presidente para Integridade e Compliance sob a presidência da Argentina.
Acredito firmemente que nós, como empresas, podemos e devemos fazer a diferença na luta contra a corrupção: um tom claro do topo, sistemas eficazes de conformidade e colaboração com o setor público e a sociedade civil. Mas, para ser eficaz, precisamos de diálogo e reconhecimento contínuos para nossos esforços.
Auto-revelação voluntária pelas empresas de esforços de má conduta e conformidade detectados internamente deve ser recompensada. Porque seria um erro grave punir as empresas que efetivamente detectam a corrupção sejam transparentes e honestas – e proteger por esse comportamento aqueles que estão silenciosos sobre seus problemas.
Outro aspecto que foi levantado por vários representantes do Estado no debate geral foi o papel das mídias sociais na luta contra a corrupção. Eu dei a minha opinião de que hoje há muito mais transparência à medida que o mundo se conecta através da internet e da ascensão das mídias sociais. Temos que ter em mente que há 15 anos não havia iPhone e nem Twitter. E até o Facebook foi fundado após a adoção da Convenção contra a Corrupção.
Hoje, mais de 2,5 bilhões de pessoas estão conectadas em todo o mundo através de redes de mídia social, trocando mensagens, fotos e notícias. Se você procurar por #corruption, você receberá centenas de tweets todos os dias. Uma pesquisa do Google sobre corrupção resulta em mais de 55 milhões de acessos de pesquisa.
Por que eu mencionei isso no meu discurso? O mundo conectado digitalmente e o alcance das mídias sociais podem levar à impressão de que há ainda mais corrupção. Não sei se isso é verdade, mas sei que é mais difícil para os maus atores se esconderem. E isso é positivo. Mas há um outro lado desta moeda. Existe o risco de que notícias falsas e o mau uso das mídias sociais levem a decisões e julgamentos prematuros. Precisamos estar cientes desse risco e nos lembrar de que o estado de direito é de suma importância no combate à corrupção.
FONTE: http://www.fcpablog.com/blog/2018/5/25/dr-klaus-moosmayer-the-private-sector-can-and-must-make-a-di.html